O PRAZEROSO RITUAL.
Imagine chegar em sua casa, depois de um dia cansativo de trabalho, abrir uma garrafa de sua bebida preferida, encher uma taça ou caneca, escolher um disco de vinil de sua banda favorita, colocar pra tocar em belo toca disco e poder relaxar enquanto aprecia uma boa música e uma boa bebida.
Esse é o ritual seguido por diversos amantes do prazer de ouvir músicas reproduzidas através de toca discos de vinil.
Neste artigo trarei informações muito relevantes para você que já é praticante da arte de colecionar e desfrutar de músicas reproduzidas a partir de discos de vinil e para você que quer adentrar neste fantástico universo.
Neste artigo trarei informações muito relevantes para você que já é praticante da arte de colecionar e desfrutar de músicas reproduzidas a partir de discos de vinil e para você que quer adentrar neste fantástico universo.
Tire a poeira de seu disco, coloque-o para tocar e acompanhe esse artigo até o final.
ONDE TUDO COMEÇOU
O Primeiro Toca-discos, (Fonógrafo) do mundo foi patenteado por Thomas Edison em 1878, que o criou baseando-se nas anteriores experiências de Thomas Young (Vibroscópio, 1807), Edward Leon Scott de Martinville (Fonautógrafo, 1857) e Charles Cross (Paléophone, 1877).O Fonógrafo de Edison, tratava-se de um cilindro giratório recoberto com cera (ou estanho, cobre) onde eram gravadas (riscadas) por uma agulha, as vibrações de um som emitido e afunilado em uma corneta, interligada a uma lâmina (membrana) que sustenta a agulha. Com a emissão do som o ar movimentava-se vibrando a lâmina que faz a agulha riscar em forma de ondas a superfície do cilindro que está girando.
De forma inversa, ao girarmos o cilindro já riscado, com a agulha em contacto, esta o lerá e transmitirá as vibrações para a lâmina (membrana), cujas vibrações, amplificadas pela corneta, emitirão o som.
Após isso veio a invenção do gramofone, que foi projetado e patenteado em 1887 pelo Judeu Alemão Hanôver Emile Berliner, que juntamente com seu irmão, eram donos da (Deutsche Grammophon Gesellschaft), que foi a primeira fábrica de discos do mundo.
O Gramofone tem o mesmo princípio do fonógrafo quanto à reprodução do som. A diferença está na leitura da agulha. Enquanto no fonógrafo a agulha lê a profundidade do sulco, no gramofone lê lateralmente em zigue-zague.
A maior diferença, no entanto, é que Berliner substituiu os cilindros pelos discos. Muito mais práticos com qualidade de gravação e volume superiores. Note-se que na fase mecânica do gramofone, ou seja até 1927 quando foi incorporado o sistema elétrico, os discos rodavam a 76 ou 80 rpm. A partir de 1927 estabeleceu-se a rotação de 78 rpm. O toca-discos eletrônico, chegou em 1927 e veio desde então sendo aperfeiçoado até a criação do disco de vinil por Peter Golmark em 1948. Este trazia a inovadora forma de leitura do disco, que baixava de 78 rpm para 45 e 33rpm, fazendo assim com que a durabilidade e qualidade do disco e áudio nele gravado fosse muito mais duradoura.
VITROLA OU TOCA DISCOS?
Apesar de parecerem iguais, os dois aparelhos apresentam características bem diferentes:
VITROLA: É um tipo de tocador de discos de vinil onde temos diversos elementos integrados:
falantes, toca-fitas, radio AM/FM, entrada USB, etc.
Com a maior divulgação do uso de discos de vinil, esse tipo de aparelho acabou ganhando destaque por, na maioria das vezes, apresentarem um design chamativo, remetendo a um estilo vintage.
No entanto, se você busca realmente uma experiência de áudio analógico de qualidade, não adquira esse tipo de aparelho. O áudio reproduzido por este tipo de equipamento tende a ser de péssima qualidade. Só vale a pena adquirir um equipamento deste tipo para usar como peça decorativa. Nem pensar em presentear alguém com um desse ok.
TOCA DISCO: Um toca disco é a evolução direta das vitrolas mais antigas, que por sua vez, são a evolução direta dos gramofones.
Diferente de um CD Player ou player de áudio digital, o toca disco permite uma interação muito maior com a música pois, para utiliza-lo, é necessário que o ouvinte participe do processo. Seja limpando o disco, baixando a agulha cuidadosamente no inicio do disco ou na faixa desejada, trocando de faixas manualmente (quando essa troca não for automática) ou virando o disco ao término da reprodução de um dos lados.
QUAIS PARTES FORMAM UM TOCA DISCOS?
CHASSIS
O chassis é o corpo do toca discos. Ele pode ser feito todo em alumínio, misto de madeira e metal, acrílico, vidro, todo em madeira e, nos toca discos mais simples, de plástico.
Quanto mais pesado o chassis do toca discos menos serão as vibrações que ele terá, impedindo com que a captação dos sinais de áudio sejam prejudicadas com interferências indesejadas.
PRATO
O prato do toca discos é o local onde são colocados os discos de vinil. Normalmente são feitos de metal ou madeira, porém assim como o chassis, existem toca discos mais simples que utilizam pratos de plástico. O peso e estabilidade do prato é de extrema importância para uma correta performance do toca discos.
TRAÇÃO DO PRATO
Basicamente existem quatro tipos de tração do prato de um toca discos:
O acionamento por polia não é muito utilizado pela maioria dos apreciadores de música tocada a partir de um toca discos pois apresentam muita distorção devido as vibrações do motor que são passadas para o prato.
TRAÇÃO POR CORREIRA - BELT DRIVE:
Utilizada pela maioria dos toca discos hi-end, sua grande vantagem é permitir que, devido a distância da agulha, o motor apresente menos interferências na captação, fora a ótima absorção de vibrações feita pela correia, apresentando assim, menos interferências e maior silêncio. Sua grande desvantagem está no desgaste da correia e na necessidade de constantes ajustes para que a rotação do prato esteja sempre dentro dos padrões. Nesta categoria temos marcas como Clearaudio, Music Hall, Pro-ject e Rega que são grandes nomes na fabricação de ótimos toca discos.
TRAÇÃO DIRETA - DIRECT DRIVE:
A preferida entre DJs por permitir que, quando o motor possui torque suficiente, ao pararmos a rotação do prato durante a reprodução de uma música, ele retorna exatamente na mesma rotação ao soltarmos o prato. Sua desvantagem é, segundo muitos audiófilos, possíveis interferências que o motor acaba passando para a captação feita pela agulha. A grande estrela dessa categoria é a lendária Technics SL-1200 MKII, que se tornou referência entre DJs e entusiastas.
TRAÇÃO MISTA - DIRECT DRIVE / BELT DRIVE:
Existem ainda toca discos que fazem uso de um misto de acionamento direct drive com belt drive. Essas verdadeiras obras de arte utilizam princípios de eletromagnetismo para fazer o prato simplesmente flutuar durante uma performance, impedindo com que o mesmo tenha contato com o chassis do toca disco. O único contato é feito através da correia que gira o prato. A correia, por sua vez, absorve possíveis vibrações vindas do motor. Nessa categoria temos o espetacular Clearaudio Statement e a série Innovation também da alemã Clearaudio.
BRAÇO
A função do braço é servir de suporte para que o conjunto cápsula / agulha trilhem os microssulcos do disco. No braço dos toca-discos ficam, entre outros, o sistema de lift, os ajustes de forca antirresvalo, pressão da agulha e o cabeçote ou Shell, que serve de suporte e ajuste para a o conjunto cápsula / agulha.
O braço também é muito importante, pois ajuda a conduzir corretamente a cápsula em seu trajeto pelo sulco. Existem braços automáticos que descem automaticamente no início dos discos e voltam a sua posição de repouso ao término do mesmo. Braços manuais devem ser inseridos e retirados manualmente do disco.
TIPOS DE BRAÇOS DE TOCA DISCOS
BRAÇO EQUILIBRADO DINAMICAMENTE:
Tipo de braço onde as massas são equilibradas com uma força de rastreio aplicada por uma mola.
BRAÇO EQUILIBRADO ESTATICAMENTE:
BRAÇO EQUILIBRADO ESTATICAMENTE:
As massas são inicialmente equilibradas, para o posterior reequilíbrio, com um peso determinado, por meio de uma massa concêntrica ao braço.
BRAÇO TANGENCIAL (Radial Tonearm):
BRAÇO TANGENCIAL (Radial Tonearm):
Este tipo de braço trilha o disco de vinil tangencialmente, para que não haja erro de rastreio.
CÁPSULA DE CERÂMICA:
CÁPSULAS PARA TOCA DISCOS
A capsúla nada mais é do que o mecanismo responsável por captar os sinais de áudio retirados do discos de vinil através da agulha. Existem, basicamente quatro tipos de cápsulas:
Modelo mais simples de cápsula, onde a captação de cada canal é realizada por uma pequena lâmina piezoelétrica (cerâmica). Geralmente tem uma faixa de frequência de resposta mais limitada (100 Hz - 10 kHz). Oferece tensão de saída relativamente alta, entre 100 mV e 250 mV ou até mais.
CÁPSULA MAGNÉTICA OU DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL (Induced Magnet):
CÁPSULA MAGNÉTICA OU DE RELUTÂNCIA VARIÁVEL (Induced Magnet):
O ímã e a bobina são fixos num suporte. As vibrações são transmitidas a uma pequena lâmina que, ao vibrar, corta as linhas do campo magnético do ímã variando a indução sobre a bobina, acarretando a circulação de uma corrente e o sinal de áudio. A tensão de saída dessas cápsulas geralmente fica entre 2,5mV e 7mV.
CÁPSULA MAGNETODINÂMICA (Moving Magnet - MM):
CÁPSULA MAGNETODINÂMICA (Moving Magnet - MM):
Onde o ímã é móvel e a bobina é fixa. Os movimentos, a partir das vibrações captadas pela agulha ao percorrer o microssulco do disco de vinil, são transmitidas ao ímã, que movimentando-se, faz variar a indução de seu campo magnético sobre a bobina, criando uma corrente elétrica através desta e originando o sinal de áudio. Fornece tensão de saída similar às de Relutância Variável, ou seja, entre 2,5mV e 7mV.
CÁPSULA DINÂMICA (Moving Coil - MC):
CÁPSULA DINÂMICA (Moving Coil - MC):
O ímã é fixo e a bobina é móvel. A bobina, movimentando-se dentro do campo magnético do ímã, provoca a circulação de uma corrente elétrica através da bobina, originando o sinal de áudio. Aqui a tensão de saída fica entre 0,4mV e 2mV. Há cápsulas do tipo MC chamadas de “high output” ou “high energy”, em que a tensão de saída é algo entre 1,5mV e 2,5mV, mas além de raras são relativamente pesadas já que esse acréscimo na tensão de saída é obtido através do aumento do tamanho das bobinas.
As três últimas cápsulas, magnéticas, reproduzem muito bem frequências entre 20Hz e 20.000Hz, e há as que chegam a reproduzir com qualidade as frequências entre 5Hz e 50.000Hz.
AGULHAS PARA TOCA DISCOS
As agulhas dos toca-discos são feitas de um material bem duro, como a safira ou diamante e recebem um tratamento para que sua superfície fique extremamente lisa. No caso de discos estéreo, as laterais da agulha apoiam-se nas laterais do sulco. Quando a agulha fica gasta, ela adquire faces pontiagudas que destroem facilmente os sulcos do disco e precisam ser substituídas.Além de lisa, a agulha é muito leve e pequena. Ela é montada no cantiléver, uma pequena e leve haste metálica presa a um suporte de borracha bem macia. Esse mecanismo permite que a agulha percorra a trilha do sulco sem danificá-lo.
TIPOS DE AGULHAS
AGULHA CÔNICA OU ESFÉRICA (Conical, Spherical):
Agulha fonocaptora de secção transversal circular.
AGULHA ELÍPTICA OU BIRRADIAL:
AGULHA ELÍPTICA OU BIRRADIAL:
De seção transversal semelhante a uma elipse, que emprega dois raios de circunferência diferentes.
Existem ainda vários outros tipos de agulhas especiais, feitas com o objetivo de enfatizar certas características de captação das paredes dos sulcos dos discos, como as agulhas Line-Contact, Stereohedron ou Shibata.
Agulhas para discos estéreo são mais finas do que agulhas para discos mono, não sendo portanto recomendadas para discos mono sob pena de desgaste prematuro da mesma.
Agulhas para discos mono, por sua vez, podem não trilhar corretamente discos estéreo, podendo inclusive danificá-los.
Existem ainda vários outros tipos de agulhas especiais, feitas com o objetivo de enfatizar certas características de captação das paredes dos sulcos dos discos, como as agulhas Line-Contact, Stereohedron ou Shibata.
Agulhas para discos estéreo são mais finas do que agulhas para discos mono, não sendo portanto recomendadas para discos mono sob pena de desgaste prematuro da mesma.
Agulhas para discos mono, por sua vez, podem não trilhar corretamente discos estéreo, podendo inclusive danificá-los.
PRÉ-DE-PHONO
Este artigo não estaria completo se não citasse o tão controverso pré-de-phono.
Basicamente o audio captado pelo conjunto cápsula/agulha é muito baixo, com atenuação de frequências agudas e frequências graves quase ausentes e, caso tentássemos amplifica-lo diretamente com um amplificador estéreo por exemplo, seu som seria de péssima qualidade.
Para contornar essa característica, faz necessário o uso de um pré-amplificador de phono, o famosos pré-de-phono.
Um pré-de-phono tem como principal função aplicar, sobre o sinal captado pelo conjunto cápsula/agulha, o padrão RIAA (Recording Industry Association of America) que é o padrão utilizado por todos os fabricantes de toca discos e discos de vinil afim de evitar que o áudio de um mesmo disco soe completamente distorcido entre diferentes toca discos.
COMO UTILIZAR UM PRÉ-DE-PHONO:
Existem toca discos que já possuem um pré-de-phono integrado a eles. O que, em termos de praticidade, é excelente. Vale ressaltar que nesse caso, o toca disco deve ser ligado a uma entrada auxiliar de audio do pré-amplificador ou receiver. No entanto, os mais puritanos defendem que um toca discos deve ter o mínimo de possíveis fontes de distorções possível, dando preferência a toca discos sem pré-de-phono integrado.
Existem pré-amplificadores, amplificadores integrados e receivers que possuem um pré-de-phono integrado. Mais uma vez a praticidade esta presente pois basta conectar seu toca discos na entrada de phono para poder utiliza-lo. Vale ressalta aqui que, neste caso, deve-se ligar na entrada de phono do pré-amplificador ou receiver, apenas toca discos que não tenham pré-de-phono integrado. No entanto, mais uma vez, os mais puritanos defendem que, em um sistema ideal, todos os equipamentos devem atuar separadamente, afim de cumprirem seu papel com excelência.
Uma outra alternativa, que é a mais defendida por vários amantes de áudio de alta fidelidade, é utilizar um pré-de-phono separado do toca discos e do pré-amplificador ou receiver. Neste caso o toca discos é ligado via cabo a um pré-de-phono e este, por sua vez, é ligado via cabo a uma entrada auxiliar no pré-amplificador ou receiver, ou diretamente a um ou mais amplificadores (quando o pré-de-phono possuir botão de ganho (volume)).
Bom, essa foi a primeira parte desse artigo sobre o fantástico mundo dos toca discos e espero que tenha gostado das informações descritas aqui.
No próximo artigo falarei exclusivamente sobre discos de vinil. Quais as diferenças, quais os melhores, dicas de como limpá-los, etc.
Caso esteja a procura de um profissional para montar seu sistema de áudio de alta fidelidade com toca discos hi-end, basta entrar em contato comigo pelo dag@dagbrasil.com.br e ficarei muito honrado em atende-lo(a).
Um grande abraço e até a próxima.
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